sábado, 20 de novembro de 2010

NOSSO AMOR...



Nosso amor será embalado pelo canto da esperança,

e, sobreviverá a cada dia tempestuoso,

quando as lembranças dos bons momentos,

açoitarem a alma.

Nosso amor será forte,

e permanecerá em nossos corações,

até mesmo quando o desespero de estarmos sós,

mesmo que em outros braços,

nos arrastarem para as sombras sinistras da saudade.

Nosso amor não morrerá...

Nossa forma de amar é ímpar

mesmo quando não somos par.



Vânia Moraes

quinta-feira, 21 de outubro de 2010




É tempo...

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia: e,
se não ousarmos fazê-la, teremos ficado,
para sempre, à margem de nós mesmos”.


Fernando Pessoa



Esse tempo chegou...



O cortejo inicial do bom senso sangra o lúdico, violentação extrema ao eu lírico tão apaixonado quanto a mulher que o abriga. Numa atitude tão bem resolvida, com altivez, perceber que é hora de fechar as comportas, de castrar as possibilidades e marchar empunhando a insígnia da honra. Impulsionada por palavras doridas vem a decisão de vestir-se do desapego ao contrapor o verdadeiro desejo pela inestimável sensibilidade. Em voga a decisão do outro como a cobrar as roupas emprestadas, as sandálias e todas as alegrias compartilhadas ao estender um caminho de pedras pontiagudas para os pés descalços.

O tempo de seguir sozinha chega, trazendo o desencanto pela penumbra que se abate nos sonhos dourados em desespero solitário, nada além das lembranças amortalhadas, destroços de uma memória embalada por um réquiem ao fundo como uma poesia declamada na hora do sepultamento.

É tempo de atravessar, tirar do bolso a última moeda e entregar à Caronte, o barqueiro velho e esquálido, todas as dores e lamentações e libertar-se dessa bagagem pesada, ficando na beira do cais pra ter a certeza de que a barca partiu.

E, recomeçar além da margem...



Vânia Moraes

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O INTRANSIGENTE FIM...




O intransigente ato de determinação, é a fôrma que molda o amor em dor e tristeza, condenando o sorriso em porões úmidos com o peso da aflição que soterra a resistência frágil. E, todas as ilusões são fundidas pelas razões ácidas numa nova agressão, num novo argumentar prático baseado no racionalismo inerente aos apaixonados. O afastamento do tempo e da distância,é agonia febril de uma alma desalentada, chorando ânsias vorazes de desejos adormecidos. As lembranças mais vivas são restos esmaecidos do que perdeu a magia na dádiva do amor absoluto e compartilhado, aquele característico até que a morte nos separe. E a dor pungente de estar só, renasce todos os dias na difusa e confusa trama das leis inflexíveis do cotidiano. A sociedade faz cobranças covardes sobre a moral alheia na absurda pretensão de manter os bons costumes, quando traça sua própria conduta vigilante na hipocrisia das paixões clandestinas.



Vânia Moraes

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

CRISTAL TRINCADO...




Cristal trincado, assim é nosso enlace, não sei se peço desculpas pela forma com que tentei ser presente em tua vida, sem ao menos ter lido a lista dos desejos teus ou se, simplesmente, em detrimento da razão me rendo ao que postula o princípio do fim. Vejo a indiferença desfilando com olhar debochado no intuito de dizer: Eu não disse! Poderia até ligar o PHODA-SE, mas, resolvi brigar com as inconveniências, porque nunca verdadeiramente briguei por amor...Sempre deixei o outro fechar a porta quando bem entendesse e o orgulho me impedia de dizer: Olha, ainda tem caminho. Com você resolvi fazer diferente, mas, como diz uma canção que gosto muito, O BOM ENCONTRO É DE DOIS.Há muito que se ponderar, eu sei e o que não ponderar também, num flerte descarado com o que desata a decisão de não estar mais e de não querer mais morder o fruto. Estou aqui...ao alcance de todos os encontros, esperando a mão para apontar o caminho que não nos leve a ruptura de tudo que somos pelo convencionalismo que não deita a cabeça em nosso travesseiro para compartilhar sonhos ou afastar o frio da solidão que traça história sem HAPPY END.


Vânia Moraes


terça-feira, 10 de agosto de 2010

ACORDAR...




É bom acordar assim, nos teus braços aninhada, como que cansada de uma revoada. Ter sido Fênix em tua cama e ter renascido esplendorosa de todas as pequenas mortes as quais me acometestes. Vislumbrar as roupas no chão como quem troca a penugem para o momento de corpos nus.

É doce acordar nos teus braços e lembrar dos rios que correram por nossos poros, cachoeiras derramando-se em nossos corpos...Enxurradas de desejos nos rastros deixados em lençóis e travesseiros.

Porque sempre que acaba, eu quero recomeçar...

E, que me perdoe Dorival Caymmi em sua poética.

Talvez não seja tão doce morrer no mar

o quanto é morrer em teus braços.

Vânia Moraes

terça-feira, 22 de junho de 2010

Verdades inventadas...




“Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.

Clarice Lispector”

Quero a liberdade de todos os ventos lacerando a ordem imutável do que é solene e lúgubre porque não me “contenho” nas margens do que deveria ser “eu”. Descarto as verdades que não são minhas, dispenso os conceitos criados pelos incontestáveis...Quem garante que é inverdade minha realidade, se a vivo tão intensamente como delírio lógico vital pro meu equilíbrio. Dispenso as cores que seduzem as telas e envenenam os olhos, sou adepta do preto no branco. Incomoda-me a incerteza do amanhã, me agridem as ponderações de um livre arbítrio sem argumentos.

É Clarice, também quero as verdades inventadas por mim...

By Vânia Moraes